A tarefa do escritor é permitir que realidade e ficção se interpenetrem.
O escritor sempre parte da sua experiência; sempre fala, em alguma medida, de si mesmo.
Ele transforma realidade em ficção — e usa, como filtro, o seu olhar.
Na verdade, os próprios escritores realistas — com sua pretensão de esquadrinhar sem lirismo o real, de forma objetiva, sem utilizar simbolismos — repetiram o que a ficção faz há séculos: filtraram a vida utilizando uma simbólica pessoal, uma forma particular de entender a realidade.
Há, claro, diferentes gradações na maneira como os escritores utilizam a realidade e suas próprias experiências. Mas literatura e realidade estão inextricavelmente ligadas.
Aos leitores, contudo, não importa o quanto a história é baseada em fatos reais ou autobiográficos.
Pode ser curioso saber que certa personagem medíocre é loira e gosta de usar camisolas verdes porque a mãe do autor, que ele considerava fútil e mesquinha, era loira e tinha um guarda-roupa repleto de vestidos verdes…
Mas preocupar-se com essas filigranas quase sempre não passa de bizantinismo. Tais informações serão úteis, no futuro, se o escritor merecer a honra — ou a desonra — de ser biografado.
O que interessa — para o leitor e para o crítico — é a história em si.
Autoria de Rodrigo Gurgel.
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